terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Funk

  O Funk, sim o funk. O ritmo musical que mais sofre preconceito hoje em dia. (Aos incautos: não estou me referindo ao estilo criado na década de 60 por afro-americanos nos EUA e sim do que convencionou-se  chamar de "Funk Carioca") E por que tanto preconceito?
  Ora, dirão os garotos e garotas (em sua maioria "rockeiros") a musica é ruim, só fala palavrão, é musica de traficante e sempre tem um merdinha no ônibus escutando isso alto. Beleza, mas creio que estes não responderam a minha pergunta satisfatoriamente. Explico:
   a) Não existe essa de "música ruim", existe determinados ritmos aos quais você tem afinidade e outros que não. Muita gente acha Mozart um saco e nem por isso a obra dele pode ser considerada de má qualidade.
  b) Não generalize o funk, existe a vertente a qual chamam de Funk Erótico que realmente, é palavrão a torto e a direito. Mas de forma similar existe o Punk Rock que (geralmente) solta vários palavrões e nem por isso o Rock como um todo faz o mesmo.
  c) Existe outra vertente (comumente chamada de "proibidão") que de fato faz um exaltação a determinadas facções criminosas, mas primeiramente: procure entender o PORQUE dos traficantes, nessas comunidades, serem mais bem quistos do que os policiais. Segundamente: Como diz Nelson Rodrigues "toda unanimidade é burra" não ache que o funk se resume ao proibidão. Da mesma forma Eletrônico não se resume a Dubstep. Terceiramente:  pra quem associa o funk ao trafico de drogas, lembre-se o Rock também sofreu (aliás ainda sofre) do mesmo preconceito. 
  d) Som no ônibus, o fato de alguém escutar o som alto no busão não é culpa do estilo. O cara poderia muito bem estar com o celular tocando Legião Urbana e  ia ser chato do mesmo jeito, mas obviamente a banda não seria pior (nem melhor) por isso.
    O funk nasceu como musica de protesto e como tal é sim, contundente. De fato se desvirtuou, e muito, do seu original. ( Assim como o Sertanejo que era musica caipira hoje é o chamado "Universitário" que troca a viola por batidas eletrônicas e as canções melancólicas por refrões monossilábicos que fazem referencia ao coito.) Mas o início da "cruzada anti-funk" não teve tanto a ver com a pornografia das letras e sim por mostrar o "outro lado" da moeda, os Pobres, os Pretos. O RAP sofreu do mesmo mal.
  E agora está tendo uma mudança no status quo. Desde Claudinho e Buchecha que não se via funk em tal rotação na mídia. Mas é Funk mesmo? A batida ainda esta la maas a agressividade foi substituída pela ostentação (como se, de alguma forma, TER bens materiais fosse sinônimo de SER alguém melhor), o protesto deu lugar ao incentivo desenfreado ao consumismo. Lógico que caiu no gosto da elite. Típico, foi preciso o Funk se despir do próprio funk pra descer o asfalto.

Deixo exemplos de  funk do bom:
Mc Mag e Mc Suzy - Repórter do Morro


Mc Garden - Isso é Brasil (apesar de sua ignorância quanto a questão do nióbio o resto da musica é muito bom, embora não perfeita, obvio):


e claro não podia faltar:



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